sexta-feira, 12 de abril de 2019

O pote no fim do arco-íris

O pote no fim do arco-íris

Me considero alguém de pensamento, até certo ponto, livre. Digo até certo ponto porque, muitas vezes, sou teimosa. Mas por ter a Lua e o Ascendente em Gêmeos, costumo fazer analogias e vincular termos e teorias muito rápido. Como diz meu Mapa Natal, eu consigo transformar o pensamento abstrato em algo paupável em questão de segundos.
E isso é bem verdade mesmo. Talvez por isso tenha trabalhado durante anos desenvolvendo atas de reunião com 30-40 pessoas falando ao mesmo tempo, e normalmente em 3 línguas diferentes! Ninguém entendia como eu conseguia fazer aquilo… e eu nunca consegui explicar, até ler meu Mapa Natal, claro…rs…
 
Bom, mas eu estou aqui para falar de algo que me ocorreu durante uma conversa no café, lá na empresa – conversa despretensiosa sobre arco-íris, gnomos e potes de ouro…
Reza a lenda que, ao fim do arco-íris encontra-se um pote cheio de ouro guardado por duendes. Os duendes são seres infantis, encantados, muito ligados à terra e à natureza. Normalmente vestem-se de verde, e podem fazer crescer as plantas, desabrochar as flores, jogar água e, principalmente, dão uma sorte danada.
Essa é a tradição foi passada oralmente, com origem na Europa dos Irlandeses, e nos parece totalmente fantasiosa, embora linda, não é mesmo?
Mas vejam só que interessante: na África dos Yorubás e Nagôs, existe um par de Orixás que rege a renovação e o nascimento. São eles Oxumaré, também conhecido como O Arco-íris Divino, e Oxum, a mãe amorosa, dona da prosperidade e da riqueza. Sob a proteção desse par de Orixás estão os Erês – seres encantados de forma infantil, muito ligados à natureza, ao renascimento, à alegria, e à renovação. Quando incorporados esses seres transmitem a doçura da primeira infância, conversa com vozinhas estridentes, normalmente gostam de balas, doces e guaraná, e fazem maravilhas com qualquer consulente.
Mas, por favor, não estou dizendo que erês e gnomos são a mesma coisa! Só estou verificando a similaridade de tradições. E agora eu me pergunto: como pode uma mesma tradição oral ser passada, de formas diferentes mas com a mesma base, no norte da Europa e no sul da África?
Em todas a partes do mundo existem panteões de divindades com as mesmas características, mudando somente seus nomes. São as mesmas tradições na Índia, na África, na Europa, na América dos índios. Mudam os modelos de culto, mas a base permanece a mesma.
Então antes de dizer que isso ou aquilo é misticismo bobo, de quem não tem instrução, vamos primeiro pesquisar as bases de tudo isso. E vamos de uma vez por todas compreender que a Vida é muito mais do que sonha nossa vã “filosofia”.
Como diria Sócrates* – só sei que nada sei.
Ou, como diria Drummond:

O mundo é grande

“O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.”
Carlos Drummond de Andrade
*Quer ler um romance incrível sobre sua preparação iniciática antes de encarnar como o grande filósofo grego? Leia “O Domínio dos Sentidos da Vida”, de Rubens Saraceni. É magnífico!

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