terça-feira, 22 de outubro de 2013

Filhos de Ogum

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 Cidade pequena, casinhas simples, morada de gente boa e trabalhadora, como tantas que há por este Brasil afora.
Gente que vive na lida de plantar e colher os frutos da Mãe Terra para alimentar as próprias bocas e as de outras gentes que não conhecem os mistérios desse labor.

Quem lida na terra trabalha de enxada na mão, cavando a fertilidade do solo, na magia da agricultura. É artesão do alimento que traz força para o corpo e esperança para o espírito vestido de carne, nas muitas passagens da vida. É um passageiro do tempo, mas coloca os pés sobre a terra fértil para nunca se esquecer de que tudo carrega a semente do bem, da doação, da riqueza e da multiplicação Divinas. É gente que abre caminho para muitos caminhos. É gente da Lei do Senhor Ogum. São filhos de Ogum.

Ogum que também é o Grande Ferreiro, o Pai da Agricultura, o Senhor das comidas simples e boas que nutrem a vida na carne e nos preparam, na simplicidade, para percebermos e recebermos a Ordem soberana de Deus, que impera sobre todas as coisas.

A Terra fertilizada pelas mãos calejadas dessa gente simples prepara o nosso espírito para o entendimento de que é preciso haver ordem, trabalho, paciência, um tempo de espera, dedicação e amor, para a colheita dos frutos desejados. E o Senhor Ogum nos ensina isso, ordenando o nosso íntimo nas lutas diárias. Pois é preciso arar a terra, semear, cuidar, retirar os matinhos indesejáveis que podem atrapalhar a plantação, para depois colhermos frutos bons e suculentos. E observando a lida incansável dessa gente da terra, percebemos que precisamos também arar o nosso íntimo, separar o joio do trigo, enfrentar os vícios e as ilusões, para que a nossa força interior brilhe e nos conduza no bem e para o bem, com Ordem e segurança. Somos filhos de Ogum.

Mas a batalha de Ogum não se faz apenas com espadas e lanças. A lição que Pai Ogum nos traz é a de nos mostrar e ensinar que, semelhante à terra fértil, em nosso íntimo existe a fonte de todas as coisas necessárias e desejáveis. Porém, é preciso trabalhar esse íntimo, é preciso conhecê-lo e desvendá-lo. Os grandes guerreiros não vivem apenas de brados de guerra e combate. Vivem também de silêncio e reflexão, para buscar a coragem interior e a iluminação dos caminhos, antes da batalha externa.

Que Pai Ogum nos oriente e nos conduza nesse trabalho de exploração, descoberta, preparo e despertar das forças internas do nosso ser imortal, para que os nossos desafios diários deixem de ser apenas cansativas lutas e se transformem no serviço agradável de arar a terra e sentir o cheiro bom que dela se desprende, cheiro de fertilidade que antecipa os frutos suculentos que virão desse trabalho de ordenação e amor.

Patacori, Ogum! Venha nos ajudar a arar o nosso íntimo, ó Guerreiro da Luz da Lei Divina!

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