quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Jesus é o Servo Sofredor? Parte 2




Retirado de: Os Textos Messiânicos, Raphael Patai, Detroit: Wayne State University Press, 1979.

Estas são as credenciais de Rachael Patai, desde Gates to the Old City: A Book of Jewish Legends (New York: Avon Books, 1980):

Famoso antropólogo, estudioso da Bíblia e autor de 26 livros (em 1980). Ensinou hebraico na Universidade Hebraica de Jerusalém e atuou como professor de antropologia na Dropsie University e em Fairleigh Dicknson University, e como professor visitante na Universidade da Pensilvânia e de Princenton, Columbia, Estado de Ohio, e em Universidades de Nova York.

Sobre o Servo Sofredor de Isaias 42, 49, 50, 52 e 53, Patai escreve:

“A Aggada, lenda talmúdica, identifica-o, sem hesitar, como o Messias, e compreende especialmente as descrições de seus sofrimentos como se referindo ao Messias bem Joseph”.

Patai considera Daniel 9:24-27 como uma passagem messiânica, incluindo a morte do Messias:

“É bem provável que o conceito de Messias sofredor, totalmente desenvolvido no Talmud, Midrash e Zohar, tem sua origem nas profecias bíblicas sobre o Servo Sofredor”.

Patai também lista Isaías 9:6-7, 11:1-12, Daniel 7:13-14, e Zc 9:9-10 como passagem messiânicas.

“R. Shim'on ben Jaqish explicou: ‘E o Espírito de Deus pairava sobre a face da água’ (Gn 1:2) – este é o espírito do Rei Messias, como está escrito: ‘E o Espírito do Senhor repousará sobre ele.’ (Is 11:2)” (Gen Rab. 2:4).

“Você acha que no inicio da criação do mundo o Rei Messias nasceu.” (Pes. Rab. Ed. Friedmann, p. 152b).

Alguns rabinos foram nomeados Messias, “os lebrosos da Casa de estudo”, baseados em Isaías 53: 4 (B. Shanhedrin 98b).

“O Santo começou a dizer-lhe (ao Messias) as condições (de sua missão), e disse-lhe: ‘Seus pecados irão levá-lo em um jugo de ferro, e eles vão torná-lo semelhante a este bezerro cujos olhos têm se ofuscado, e eles vão sufocar o seu espírito com o jugo, por causa de seus pecados a sua língua vai chegar ao céu da boca. Você acredita nisso?’ Ele disse: ‘aceito com alegria, de modo que ninguém em Israel deve perecer, mesmo os que morreram desde os dias de Adão até agora. Isto é o que quero’.” (Pes. Rab p. 161 a-b).

“(Quando) o Filho de Davi vier, eles vão trazer vigas de ferro e colocá-los em cima de seu pescoço até as curvas de seu corpo. Ele chora e diz: ‘Quanto posso suportar do meu sofrimento? Pode também minha alma e meu espírito? E meus membros? E não sou de carne e osso?’ (Pes. Rab. 162)

“Você tem sofrido por causa dos pecados de nossos filhos, e cruéis punições vieram para você... Você foi ridicularizado e desprezado pelas nações por causa de Israel... Tudo isso por causa dos pecados de nossas crianças... grandes sofrimentos têm de vir sobre vós, por sua causa. E (Deus) diz-lhe: ‘Seja você juiz sobre estes povos, e faça o que deseja a tua alma... todos eles morrerão com o sopro de seus lábios’.” (Pes. Rab. Ch. 36)

“Elias ...disse-lhe: ‘suportar os sofrimentos e a sentença de seu mestre faz você sofrer por causa do pecado de Israel’. Assim está escrito: ‘Ele foi ferido por causa de nossas transgressões” ... (Is 53:5) – até que o fim venha” (Mid.. Konen, BHM, 2:29)

“Enquanto Israel habitou na Terra Santa, os rituais e sacrificios removiam aquelas doenças do mundo, agora o Messias vai removê-los das crianças do mundo” (Zohar 2:212 a)

Patai afirma: “Quando a morte do Messias se tornou um princípio estabelecido nos tempos talmúdicos, esta foi considerada incompatível com a crença no Messias como Redentor, que iria inaugurar o milênio abençoado da era messiânica. O dilema foi removido com a divisão da pessoa do Messias em dois...”

O desenvolvimento da doutrina dos dois Messias também tem a ver com um paralelo messiânico com Moisés, que morreu antes de entrar na Terra Prometida.

Referindo-se a Zc 12:10-12, “R. Dosa diz: ‘(Eles lamentarão) sobre o Messias que será morto”” (B. Suk 52a, também Y. Suk 55b).

“Um homem deve surgir de minha semente; semelhante o sol da justiça, caminhando com os filhos do homem em mansidão. Não encontrarão nenhum pecado nele, e ele derramará sobre vós um espírito de graça que, e você andará em seus mandamentos... uma vara de justiça para as nações, para julgar e salvar todos os que invocam o Senhor”. (Testament of Judah, 24)

O “erro” é dos Homens e não da Umbanda


O “erro” é dos Homens e não da Umbanda

Axé a todos! Sem nenhuma conotação de superioridade me sinto uma pessoa muito privilegiada. Vivencio com centenas e centenas de pessoas, espíritos e situações diariamente, fato que me proporciona um intenso aprendizado, que exige muita disciplina e muita capacidade de discernir.
Algumas vezes consigo lidar bem com as situações, outras, ainda me perco dentro de tantos deveres, obrigações, saberes e conduta.
No entanto, procuro refletir sobre o porque de não conseguir ‘lidar com tal situação’ e na maioria das vezes chego a mesma conclusão: o erro está no “olhar”.
No Olhar para com o outro, com o intangível, com o Além e com as possibilidades.
Percebo que muitas vezes o Limite do Olhar nos enraíza em determinadas situações deixando-nos às avessas e cheios de indagações e inquietações.
Outro dia ouvi uma Entidade Espiritual dizer que, metaforicamente, algumas vezes parecemos “cãespulguentos, sarnentos e perebentos” de tanto que nos maltratamos e nos cutucamos compulsivamente, de tanto que as pessoas se afastam de nós, de tanto que contagiamos mal as outras pessoas.
Uma metáfora provocante, não é mesmo?
Pois bem, também ouço afirmativas do tipo: “a Umbanda não resolveu (ou não resolve) meu problema”, “o Guia não ajudou em nada”, “o Guia prometeu, afirmou e não aconteceu, o Guia errou!”, “faço tudo que me pedem e nada melhora”, “o que os Guias falam nunca acontece” e assim por diante. Mas será que as pessoas que fazem tais afirmativas não estão sendo como “cães pulguentos, sarnentos e perebentos”? Será que sabem quem são? Que enxergam suas próprias condutas? Que entendem o que é a Umbanda? Uma Entidade Espiritual? E quais suas funções, obrigações e missões? Ou apenas ficam a espera do outro numa posição em que se misturam vitimismo, agressividade, falta de reconhecimento e pouco Olhar.
Sim, são muitas as situações. Mas percebo que as pessoas não compreendem a complexidade que é o trabalho de uma Entidade Espiritual, a responsabilidade que os envolvem e as inúmeras consequências que acarreta um “simples” ato, seja no plano astral ou material. Não percebem as inesperadas reações que as Entidades sofrem depois de uma ação adversa da própria pessoa que está sendo auxiliada. Não entendem que muitas vezes as Entidades têm que mudarem de plano, de estratégia ou mesmo, têm que recuarem demonstrando um verdadeiro ‘jogo de cintura’ devido às atitudes incoerentes, erradas e inoportunas do próprio necessitado que julgam o fracasso da Umbanda ou das Entidades.
Pior ainda é perceber que muitas pessoas acham que a Umbanda ou os Guias Espirituais têm obrigações perante aquela pessoa ou sofrimento, portanto devem, a todo custo, resolver o problema e ponto final. Confundem drasticamente caridade com troca e obrigação; amor com soluções mágicas e egoísmo; fraternidade com abuso e comodismo; ou ainda a pessoa ou  Entidade Espiritual bondosa com um ser tolo e ignorante que é “levado” facilmente por qualquer situação, fala, choro ou chantagem emocional.
Enfim, reflexões, olhares, mudanças e muita persistência faz da Umbanda uma religião grandiosa e realizadora.
A fé, a dedicação, o trabalho e a disciplina fazem do umbandista uma pessoa de crença e propícia às curas, sejam elas do espirito, da matéria, do coração ou da vida.
Agora… o Olhar Além, o Olhar do Bem, o Olhar para si e o Olhar das possibilidades da vida é que fazem bem, que curam a alma e que nos permitem entendermos as metáforas, simbologias, necessidades e os merecimentos da Vida.
Portanto, a questão primordial aqui é entender que, quando a “Umbanda não resolve” ou quando o “Guia não ajuda” estamos tendo uma grande oportunidade para MELHORAR NOSSO OLHAR SOBRE A VIDA.
Axééé…
Imagem: peça do Entalhador Cláudio
arte nascida nas ruas de Olinda 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Jesus é o Servo Sofredor? - Parte 1


Apesar de considerar Jesus como o Messias predito pelos santos profetas, essa série de artigos não será feita com o intuito de defender essa afirmação (embora seja de serventia).

O principal objetivo é tornar clara que algumas afirmações que muitos judeus - não todos - vêm fazendo na internet não são bem assim como dizem. Muitos deles afirmam que o ensino judaico não acredita em certos textos bíblicos específicos como profecias messiânicas.

Certa vez, ao conversar com um judeu, perguntei sobre o Talmud, ele disse que não é para que eu lesse. Não entendi na hora o porque, mas entendi posteriormente o que talvez tenha sido o real objetivo, pois nos textos judaicos antigos existem várias informações que desmentem boa parte da apologética judaica atual, como é o caso do chamado "Servo Sofredor".

Eu realmente ainda não sei o real objetivo de passarem as informações dessa forma, afirmando que os judeus creem de uma forma, sendo que no próprio judaísmo há várias divergências, tornando mais correto dizer "judaísmos" em vez de "judaísmo". Divergem, inclusive, nas profecias messiânicas. Uma rápida pesquisa na internet demonstra isso.

Então esses textos além de ser mais uma fonte de informação em português, pois ainda não existem muitas, serve também como um manifesto em relação às informações passadas por muitos judeus (não todos) que são incompletas, dando a entender que o cristianismo está todo errado e que o judaísmo nunca entendeu as profecias citadas pelos cristãos como messiânicas (quando, esquecem eles, que os primeiros cristãos eram todos judeus).

Não estou dizendo aqui que são desonestos, pois, embora nem sempre se possa confiar no ser humano, há a possibilidade de eles terem aprendido assim, de alguém que também aprendeu assim. E há também a possibilidade de estarem certos, mesmo que as informações que passam sejam incompletas e até mesmo, como veremos, totalmente erradas (apesar de que, como disse, considerar Jesus o Messias).

Como disse em outras traduções minhas, ainda não sei inglês o suficiente para fazer uma boa tradução. Por isso peço que relevem certos erros, pois, apesar desse fato temporário, considero estas traduções suficientes para um bom entendimento e para que o leitor possa, a partir delas, passar a pesquisar por si mesmo.

Por ora esta série se limitará a alguns comentários de judeus mais antigos sobre o "Servo Sofredor". Posteriormente, quando tiver mais tempo, escreverei mais sobre minhas pesquisas sobre o assunto, e o porquê de minhas conclusões sobre as profecias.

Espero que tanto judeus quanto cristãos, ateus, agnósticos e pessoas de outros credos que também se interessam pelo assunto possam aproveitar essas informações. Espero também que os que defendem que os judeus não acreditam nesse texto como profecia, e divulgam que isso nunca fez parte dos judaísmos, possam ou tentar responder de forma coerente, ou admitir que estão passando informações que não correspondem com a realidade.

Sobre os possíveis comentários, já aviso que palavras depreciativas tanto aos judeus quanto aos cristãos não serão aceitas. Por este motivo, tanto não aceitarei chingamentos aos judeus (lembrem-se, cristãos: nossa religião começou com três judeus: José, Maria e Jesus, nosso Senhor), quanto palavras como "jizuis", "gzuis", pois também são desrespeito e demonstram que o autor de postagens assim são levados mais pela emoção do que pela razão.

Os textos dessa sério serão traduzidos da seguinte página: http://socrates58.blogspot.com/2007/03/ancient-and-medieval-jewish-bible.html

Nela vocês podem conferir melhor as referências.

* * *

Para não me estender mais, eis a primeira parte:

Retirado de Christology of the Old Testament and a Commentary on the Messianic Predictions, Ernst Wilhelm Hengstenberg (1802-1869; an orthodox Lutheran and eminent theologian)

Não pode haver qualquer dúvida de que a interpretação messiânica foi muito recebida pelos judeus, de forma geral, em épocas anteriores. Isto é até mesmo admitido por interpretes posteriores que perverteram a profecia, por exemplo, Ibn-Ezra, Jarchi [Rachi] Abravanel, e Nahmanides.

Toda a tradução Caldeia Paraphast, Jonathan, refere-se a profecia sobre o Messias. Ele parafraseia a primeira cláusula: “ei que meu Servo Messias prosperará”. O Midrash Tanchuma afirma: “Este é o Rei Messias, que é exaltado no alto, e muito exaltado, mas exaltado que Abraão, elevado acima de Moisés e maior que os anjos”.

Existe uma passagem marcante na Peskita, livro muito antigo, citado no tratado Abkath Rokhel, e reimpresso em Hulsii Theologia Judaica, onde há essa passagem:

“Quando Deus criou o mundo, Ele estendeu a mão sob o trono de sua glória, trouxe à luz a alma do Messias e disse-lhe: ‘Você vai curar e resgatar meus filhos depois de 6000 anos? Ele respondeu-lhe: ‘Vou’. Então Deus disse a ele: ‘Então você vai, também, suportar o castigo, a fim de apagar seus pecados, como está escrito: ‘Mas ele levou as nossas doenças’ (53:4) Ele respondeu-lhe: ‘Vou suportá-las com alegria’” (Cf. Zohar, 2:212 a)

O Rabino Moses Haddarshan afirma: “Imediatamente o Messias, por amor, tomou sobre si todas aquelas pragas e sofrimentos, como está escrito em Isaías 53. Ele foi abusado e oprimido”. No Rabboth, um comentário, Isaias 53:5 é citado, e se refere aos sofrimentos do Messias. No Midrash Tillim, um comentário alegórico sobre os Salmos impresso em Veneza em 1546, diz sobre Salmos 2, 7: “As coisas do Rei Messias são anunciadas nos profetas, e.g.,a passagem de Is 52,13 e 42, 1, na Hagiografia, e.g., Ps 60 e Daniel 7,13”

Rabino Alshech, em Hulsii Theologia Judaica, p. 321 e SS, comenta:

Sobre o testemunho da tradição, nossos rabinos antigos, por unanimidade, admitem que o rei Messias é o sujeito do discurso. Nós, em harmonia com eles, concluímos que o rei Davi, isto é, o Messias, deve ser considerado como sujeito desta profecia – uma opinião que é bastante óbvia.

Se fizermos uma comparação, poucos judeus (ou seja, aqueles que não vêem o Servo como Israel) acreditam que a passagem se referem a uma pessoa que não seja o Messias. Muitos dos judeus cabalistas também fazem uma interpretação messiânica da passagem.

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Aproveitando essa postagem, gostaria de divulgar essa publicação anterior: http://porquecreio.blogspot.com.br/2012/05/ajudem-um-futuro-cavaleiro.html

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