sexta-feira, 11 de março de 2011

DHAMMAPADA Capítulo IV – Flores

“Quem poderá cultivar a terra de Yama e o mundo dos devas? Quem fertilizará o abençoado caminho da virtude colhendo as melhores flores?

A terra de Yama e o mundo dos devas serão cultivados pelo discípulo fiel. Ele fertilizará o caminho da virtude como um jardineiro e colherá as melhores flores.

Compreendendo que este corpo não é mais que espuma do mar e pura ilusão, arrancará os espinhos da paixões e se esquivará do senhor da morte.

Aquele que somente colhe as flores das paixões, que só ocupa sua mente com o sensual, é arrasado pela morte como um povoado arrasado pela inundação.

Aquele que somente colhe as flores das paixões, que só ocupa sua mente com seus desejos, será dominado pelo Destruidor.

Assim como a abelha suga de flor em flor, sem ferir sua cor e aroma, e depois se afasta, levando apenas o mel, assim passa o sábio por esta existência.

Não devemos fixar nossa atenção no que os outros fazem ou deixam de fazer, mas devemos centrarmos no que nós mesmos fazemos ou deixamos de fazer.

As palavras que não são levadas à ação são como flores sem perfume.

As palavras que são levadas à ação são como flores de transbordante aroma.

Aquele que nasce como ser humano deve realizar muitíssimos atos belos, pois muitíssimas flores fazem uma grande grinalda.

A fragrância das flores, o aroma da madeira do sândalo, do rododendro ou do jasmín, não se propaga contra o vento. No entanto a fragrância do virtuoso se expande por todas partes.

O perfume da virtude supera as fragrâncias do sândalo, do rododendro, do lótus e do jasmin.

A fragrância do rododendro e do sândalo não chegam muito longe, mas o perfume da virtude alcança até mesmo os deuses.

Os virtuosos, os vigilantes e os que estão livres de mácula, pela perfeita realização das verdades, não são alcançados por Mara.

O cheiroso lótus pode germinar e crescer, inclusive no esterco.

A sabedoria do discípulo germina e cresce, inclusive entre os ignorantes.”

sábado, 5 de março de 2011

DHAMMAPADA Capítulo III – A Mente

“O sábio direciona a indomável mente como o arqueiro direciona a flecha.


A mente se sacode como um peixe na areia, por isso deves abandonar o terreno das paixões.


Mesmo que seja de difícil controle, volúvel e ansiosa, é bom dominar a mente, pois seu domínio leva à felicidade.


Mesmo que seja de difícil apreensão, devido à sua sutileza e tendência à fantasia, o sábio domina a mente e com isso atinge a felicidade.


A mente caminha sem rumo, solitária, sem corpo, escondida nas cavernas. Aqueles que conseguem dominá-la livram-se das correntes de Mara.


O homem de mente descontrolada desconhece o ensinamento sublime, e o de confiança temerosa não alcança a plena sabedoria.


Aquele que dominou sua mente e a afastou do ódio, levando-a além do bem e do mal, permanece atento e nada teme.


Compreendendo que seu corpo é frágil como um vaso e fortalecendo sua mente, vencerá a Mara com o aço da sabedoria. Protegerá sua conquista e estará por cima das coisas terrenas.


Não passará muito tempo antes que o corpo, desprovido de consciência, esteja embaixo da terra como um tronco desprovido de valor.


Uma mente mal governada pode causar mais dor que o pior dos inimigos e o mais entranhado dos ódios.


Uma mente bem governada causa mais benefícios que um pai, uma mãe ou um parente amado.”

quinta-feira, 3 de março de 2011

DHAMMAPADA Capítulo II – A Vigilância


“A vigilância conduz à imortalidade. A falta de vigilância conduz à morte. Quem permanece vigilante não morre. Quem não está vigilante já morreu.


Entendido isso, os sábios se mantém vigilante e se regozijam nisso, desfrutando da terra dos nobres.


Aquele que constantemente medita, se livra de toda amarra e alcança o supremo Nirvana.


Bem-aventurado aquele que se esforça! Bem-aventurado aquele que se mantém vigilante! Bem-aventurado o homem de conduta pura! Bem-aventurado o homem que domina a si mesmo! Bem-aventurado o homem de vida reta! Bem-aventurado o homem capaz de permanecer em constante vigilância!


Através do esforço, da vigilância, da disciplina e da moderação, o homem sábio se transforma numa ilha que não pode ser inundada.


O ignorante não estima a vigilância, mas o sábio a guarda como o melhor de seus tesouros.


Não sejais negligentes, não os abandoneis aos prazeres dos sentidos. O homem vigilante alcança a felicidade.


Quando o monge fortalece sua vigilância, se libera de todo conflito, ascende ao palácio da sabedoria e observa as pessoas que sofrem como um sábio da montanha contemplando os ignorantes que estão lá embaixo.


O sábio avança como um veloz cavalo entre os desastrados pangarés. Vigilante entre os distraídos, desperto entre os adormecidos.
Por permanecer alerta, Indra prevaleceu contra os deuses. Por isso a vigilância é exaltada e a negligência desprezada.


O monge que se mantém vigilante e teme o descuido, avança como o fogo superando todos os obstáculos.”

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