segunda-feira, 28 de junho de 2010

LIBELO EM DEFESA DA AUM+BANDA

LIBELO EM DEFESA DA AUM+BANDA

Introdução


Não raro, em rodas de bate-papo ou mesmo em alguns livros que circulam no mercado editorial, deparamos com críticas ferrenhas a este credo, cujas raízes mais ocultas são totalmente ignoradas até mesmo pelos que a professam, o que se explica pelo misérrimo número de obras sérias a seu respeito. Pior do que isso é constatar, não sem alguma tristeza, que ao lado dos livros que condenam a AUM+BANDA existe uma infinidade de outros que praticam a deletéria arte da desinformação, dando aos leitores toda uma coorte de subsídios falsos e, até, indignos de serem publicados por um editor sério.

Com as obras "A UMBANDA NO BRASIL" e "O ESPIRITISMO NO BRASIL" o famigerado Frei Boaventura Kloppenburg, com autorização papal e com o régio subsidio da Santa Sé, sentou o pau tanto num como noutro credo, procurando demolir tanto o Umbandismo como o Kardecismo, a ninguém poupando nessa acalorada sanha combativa, nem mesmo a Chico Xavier, sobre o qual assacou as mais pérfidas calúnias. Ambos os livros são grossos, com mais de 400 páginas cada um, aliadas a uma farta messe de fotos e citações eruditas. Como se isso não bastasse o trêfego sacerdote também investiu, através de obras menores, contra os Rosacruzes, os Maçons, o Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, a LBV, a Associação Cristã de Moços (ACM). a Teosofia, a Quiromancia e a Astrologia, através de uma série de opúsculos chamada "Vozes em Defesa da Fé", em cujo contexto ainda inseriu uma defesa safadíssima dos nobres motivos que levaram aos julgamentos da "Santa" Inquisição. Mais tarde, hoje sucedendo a Frei Boaventura, provavelmente já falecido ou em retiro remunerado, temos a ridícula presença, tanto na mídia como no mercado editorial, do famigerado Padre Quevedo, cujo passatempo predileto, à falta de melhor coisa, é o ataque a tudo que seja paranormal, mas não pertença ao elenco dos santos católicos. Seu livro clássico, ainda hoje consultado pelos ateus e os desconfiados, é "A FACE OCULTA DA MENTE" ,onde ele em 414 páginas "prova" por A + B que todos os fenômenos paranormais são fruto da hiperestesia do inconsciente, um termo que ele pariu para retirar o caráter sobrenatural de todas as manifestações oriundas de pessoas que não professassem a fé católica. A tal ponto foi o seu desvario místico que os argumentos "científicos" por ele usados em sua obra colocaram em cheque a própria figura do Cristo, razão pela qual foi chamado em particular pelas autoridades eclesiásticas a que estava subordinado, a fim de abrandar um pouco o tom da sua argumentação, já que suas explicações estariam prejudicando até os milagres, prodígios e fatos insólitos que faziam parte da história dos santos católicos. Na mesma época (década de 60) o famoso Cardeal Lépicier publicava um livro chamado "O MUNDO INVISÍVEL", com imprimatur papal onde discorria sobre o hipnotismo e a telepatia como "obras do Demônio".

Diante destes e de outros fatos paralelos é que decidimos escrever sobre a AUM+BANDA até porque ela carece de obras sérias a respeito dos seus mistérios, exceção feita ao nobre Professor MATTA E SILVA (Mestre Arapiraca), cuja obra "UMBANDA DE TODOS NÓS" levanta com elegante dignidade uma pequena ponta do véu que encobre essa religião tal como a conhecemos. Por dever de justiça, é digna também de aplausos a obra "A MAGIA NO BRASIL" de Waldemar Bento, infelizmente hoje esgotada pelo fato de sua tiragem ter sido muito reduzida exatamente para que os poucos exemplares publicados chegassem apenas às mãos certas de alguns leitores seletos e preparados para as revelações ali veiculadas.

Infelizmente, grande parcela da culpa que responde pelas críticas à AUM+BANDA repousa no mau uso que dela fazem os próprios profitentes, em sua maioria pessoas simples, de pouca cultura, hábitos nem sempre exemplares e escassa educação. Essas pessoas são a pior propaganda da AUM+BANDA, porque, com o maior despudor e com a maior cara de pau, afirmam, por exemplo, que são briguentas porque são filhas de OGUM, que são poligâmicas porque são filhas de XANGÔ ou que não param com homem algum porque são filhas de IANSÃ. As mais assanhadas explicam sua própria prostituição pela presença constante, segundo elas, de uma BOMBOGIRA ao seu lado, que as impele a repetidos coitos. Essas pessoas mentalmente destrambelhadas transformam seus orixás em bodes expiatórios muito convenientes para os seus delitos e certamente nem coram de vergonha porque sofrem de "anemia moral". Graças ao comportamento de tais pessoas e às lendas que passam umas às outras como autênticas dentro do panteão africano o que sobra para a AUM+BANDA no final de tudo isso é uma verdadeira cornucópia de vexames abominados por qualquer pessoa de bem.

Outro costume bastante grave é a utilização direta dos exus sem a mediação de uma entidade de luz, seja essa entidade um caboclo ou um preto-velho. Em tais circunstâncias o exu, que ainda é um espirito atrasado, fica inteiramente solto e sem ninguém a quem prestar contas pelo que fez ou se propôs a fazer. Ele, então, pede em troca do favor pedido o que bem entende ou é ditado pela sua "gula". Isoladamente e sem estarem inseridos numa gira (sessão) comandada por uma entidade de luz eles reincidem nos mesmos erros e atrasam a sua jornada em direção à Luz. Agora perguntamos: quem é, em tais casos, o verdadeiro culpado? Será o exu agindo ao arrepio da luz e dentro da sua inferioridade passageira ou o(a) consulente que lhe vai pedir absurdos ou maldades?

As pessoas que só gostam de falar com exus isolados e fora de uma gira própria e controlada criam obstáculos para a evolução do exu e, na verdade, procurando benefícios, estão trazendo prejuízos para ele. Infelizmente, por defeito nosso e de mais ninguém, as giras de exu são as mais procuradas pelas pessoas que nunca souberam direito o que é a AUM+BANDA, o que acaba refletindo para o público leigo uma imagem errônea ou altamente equivocada sobre essa magnífica religião.


Garimpando Mistérios

Para que o(a) leitor(a) possa Ter, pelo menos, um leve vislumbre do que vem a ser a AUM+BANDA é preciso garimpar mistérios e recuar muito na História. Precisa também estar equipado de alguns conhecimentos básicos de Esoterismo e Magia, a fim de extrair dos sinais grafados pelas entidades da AUM+BANDA o seu precioso e secreto sentido hermético.

Preferimos escrever AUM+BANDA ao invés de UMBANDA porque a sua etimologia mais oculta recomenda que revelemos, de antemão, a sua origem sonora baseada na sílaba mística AUM, sílaba essa que o ouvido atento pode encontrar levemente velada em muitos dos pontos cantados nos terreiros. Esses "pontos cantados" ocultam essa sílaba na ordenação das letras que, em si mesmas, chegam a ser simplórias e, até, tolas. No entanto, ao serem entoadas como cânticos, elas levam embutida essa sílaba sagrada, que, ao vibrar, faz estremecer o plexo solar, situado em cima do estômago, mas por baixo do qual se encontra o poderoso chakra SVADISTHANA com suas pétalas vermelhas e verdes. Este chakra é o chakra da mediunidade, razão pela qual muitos médiuns, sejam eles da Umbanda ou não, encontram nele seu ponto de maior excitação psíquica, o que, por vezes, se reflete no físico sob a forma de dor ou enjôo. É sobre ele que incide a vibração tanto de guias de luz como de obsessores. É também o ponto de convergência de nossas simpatias e antipatias. Nos processos epilépticos ele é o ponto de convergência da vibração da entidade trevosa responsável pelo ataque, sendo todo o resto mero efeito nervoso manifestado pelas contorções e mãos crispadas do atacado. Caso os leitores não saibam, em paralelo com todos os ataques epilépticos há sempre o concurso secreto de uma entidade do Astral Inferior, entidade essa que pode ser detectada ao lado do corpo contorcido por um(a) vidente autêntico.

Passando pela sílaba sagrada AUM que lhe é fundamental, sílaba essa que deriva do PODER CRIADOR ou do SOM PRIMORDIAL, a AUM+BANDA prossegue a sua trilha mágica através do traçado com pemba branca ou de outras cores daquilo que passou a ser conhecido como ponto riscado, o qual, na verdade, é um conjunto harmônico e bem equilibrado de símbolos esotéricos de relevante importância que ali se acham combinados para funcionar como centro de atração das forças cósmicas correspondentes ao trabalho de magia que vai ser realizado pela entidade comunicante. Para iluminar esse ponto duas diferentes luzes vibram, ao mesmo tempo, no físico e no astral: a luz de uma vela (ou lamparina de azeite de oliveira) e a brasa do cigarro, charuto ou cachimbo que, conforme a entidade comunicante, estejam sendo utilizados na hora da manifestação.

Visto desse modo, o ponto riscado representa não apenas o conjunto de forças mágicas convidadas a participar do trabalho de caridade, mas também funciona como a "carteira de identidade" do espírito ali presente. Riscado o ponto, é como se o obreiro da AUM+BANDA dissesse: "Eu sou quem sou e vou trabalhar com este conjunto de forças mágicas".

JEAN RIVIÈRE, autor francês famoso por suas pesquisas religiosas em terras tibetanas, mostra-nos em um de seus livros vários mandalas traçados no Teto do Mundo onde reconhecemos, sem grandes dificuldades, os mesmos símbolos grafados na AUM+BANDA. Ali estão, além de letras sagradas e de nomes de poder, os mesmos pentáculos tão comuns na Magia, inclusive a suástica em sua versão autêntica e os famosos "garfos de exu" (tridentes) que, analisados mais profundamente, correspondem a determinada letra grega (psi), cuja ordem seqüencial a coloca curiosamente entre o alfa e o ômega daquele alfabeto, isso sem falar nos vários sinais mágicos que podemos encontrar, apenas a título de exemplo, na obra "TRATADO COMPLETO DE ALTA MAGIA, cujo autor tem o pseudônimo oculto de Vasariah, cujo conteúdo contempla uma coleção de grandes pentáculos e talismãs com os quais a AUM+BANDA aparentemente nenhuma ligação parece ter. Mas ela, de fato, tem! Nos grandes templos e "stupas" do Himalaia o símbolo correspondente ao garfo exu ali se encontra, do lado de fora, como a dizer aos que passam que ali se encontram guardiães invisíveis. Nada mais justo, pois, na AUM+BANDA o exu é um guardião dos trabalhos executados.

A África não é nem nunca foi a origem nem da AUM+BANDA nem do CANDOMBLÉ. Ela, apenas, serviu de ponte para trazer ao Brasil, à América do Norte e aos países caribenhos o seu panteão e aquilo que, por tradição da boca ao ouvido, haviam aprendido dos remanescentes da Raça Negra, raça essa que um dia dominou a Terra. Não foi por "coincidência" nem por acaso que, ao tempo do nascimento de Cristo, este foi visitado não por 3 Reis Magos, mas por 4, cujo quarto representante era JETRO, um árabe retinto. Como os escravos explorados pelo tráfico escravagista vieram de diversificadas regiões do Continente Negro constituiu fenômeno mais do que natural a diferença de rituais entre eles. O panteão africano sofreu modificações e adaptações diversas conforme o país para onde esses escravos foram levados. A mistura da religião dos negros com a religião dos índios criou um credo de características híbridas, o que foi ainda mais agravado pelo falso sincretismo do panteão original com a fé católica, esperteza dos negros para praticarem a sua religião original sob a alegação de uma falsa correspondência com santos consagrados pela Santa Sé.

Essa mistura de crenças foi mais longe. No Haiti o Vodu surgiu como religião dominante e especializou-se na invocação de forças muito ligadas ao cemitério, às quais eles ainda dão o nome de "lois" (leia-se luás) e que são, entre outras entidades, dominadas pelo perigosíssimo BARON SAMEDI, que aparece à vidência como um homem muito alto e magro com rosto de caveira, todo vestido de negro, com a cabeça coberta por uma cartola. Tanto ele quanto as demais entidades do Vodu falam o "créole", uma mistura de Espanhol com Francês. Seus pontos riscados são feitos com farinha de trigo, ao invés de com uma pemba, o que, novamente, não os distancia muito dos mandalas tibetanos que são plasmados à base de pós coloridos. A predominância da Deusa Serpente Dhambala no Vodu, entidade essa que é feminina (-), tem arrastado a maior parte dos voduístas a práticas de Magia Negra, cuja repercussão tem sido muito explorada pelos filmes de terror de Hollywood. O "miolo", no entanto, é verdadeiro e ali há, realmente, a predominância a Magia Simpática (bonecos de pano crivados de alfinetes), bem como a horrenda vivificação de cadáveres a quem damos o nome de zumbis. A força do cemitério predomina no culto vodu.

Voltando ao Brasil, pois é aqui que vivemos, observamos, com muita tristeza, que a verdadeira AUM+BANDA é, além de pouco conhecida, pouco praticada. Ela não teve a sorte, como aconteceu com o Espiritismo, de contar com a colaboração de um Kardec para a sua codificação ou com o trabalho coadjuvante de um Léon Dennis, de um Flammarion ou de um Carlos Imbassahy para citar apenas 3 exemplos de escritores bem conhecidos que trabalharam para consolidar ainda mais a sua doutrina espiritual. Infelizmente, a AUM+BANDA foi deixada ao léu e permitiu-se que interpretação pessoal de cada chefe de terreiro ou babalorixá preponderasse sobre o seu verdadeiro estofo. Essas interpretações diversificadas sobre a doutrina secreta da AUM+BANDA têm criado muitos problemas para os médiuns que engrossam suas fileiras, principalmente quando em fase de desenvolvimento espiritual. A contraparte negra da AUM+BANDA gerou a QUIMBANDA, que só trabalha preponderantemente para o Mal, arrastando para o seu jugo todos aqueles que abrigam sentimentos inferiores em seus corações. Mais ou menos como o que aconteceu com o Protestantismo, desde a aprovação da Teoria do Livre Exame da Bíblia, os adeptos do assim chamado Africanismo ( termo com o qual não concordamos ) ficaram entregues a suas próprias interpretações de seu credo, disso resultando um verdadeiro vulcão de contradições, crendices e distorções das mais repulsivas.

Sendo, por um lado, um misto de manifestações mediúnicas e, por outro, de magia pura não é de estranhar que as entidades da AUM+BANDA lidem com grafias herméticas que exigem o concurso paralelo de rituais de invocação, fixação e proteção.

Os Rituais Mágicos da Aum+Banda

As reuniões da a AUM+BANDA começam com a incorporação do espírito que vai trabalhar não apenas com passes, mas com magias, e, em seguida, o ritual exige que o espirito comunicante trace o seu ponto riscado para fins de sua própria identificação e para o desnudamento velado das forças mágicas que precisa invocar para o bom êxito do seu trabalho. Tais espíritos, na AUM+BANDA, nunca vêm sozinhos e sua presença, por isso, se faz sempre acompanhar de uma numerosa falange de outros trabalhadores menores afinados com a tarefa a ser cumprida. Entre os membros dessa extensa falange acham-se alguns exus, que funcionam como sentinelas ou seguranças, concorrendo assim para o bom êxito da empreitada. A presença e o apoio dos exus nesses trabalhos de caridade confere-lhes, pouco a pouco, a LUZ de que precisam para, algum dia, se transformarem em caboclos. Os exus, a quem preferimos chamar de NOSSOS IRMÃOS MENORES, não são capetas nem servos do Diabo como tantas vezes ouvimos os ignorantes dizerem. São, na verdade, espíritos atrasados, sim, mas a quem as entidades luminosas da AUM+BANDA dão a mão para lhes oferecer uma oportunidade de redenção e iluminação pelo serviço amoroso ao próximo.

Na mesma categoria desses trabalhadores menores acham-se incluídas as falanges de almas (eguns) arrebanhadas principalmente pelos pretos e pretas-velhas na Calunga Grande (o mar) e na Calunga Pequena (o cemitério) para também ajudarem em seus trabalhos. Assim trabalhando, essas almas se iluminam, tomam consciência do seu destino final e se libertam do seu karma de serviço fora do corpo físico. Bem-aventurados sejam, portanto, esses pretos e pretas-velhas que funcionam, no invisível, como verdadeiros pastores de almas...

Nas mãos do homem comum o cigarro, o charuto e o cachimbo podem ser até olhados como vício, mas não quando empunhados e usados pelas entidades da AUM+BANDA. Ali a fumaça gerada tem outros aplicativos e persegue outros objetivos que escapam à observação objetiva. Funcionam, na verdade, como potentes defumadores, sendo muito comum vermos, num terreiro, uma entidade luminosa descarregando um(a) consulente através de passes magnéticos e de sopros de fumaça. Prestando bem atenção ao movimento executado pelos braços e pelas mãos do "cavalo" influenciado pela entidade incorporada qualquer pessoa estudiosa e melhor informada perceberá a criteriosa execução de "mudras" mágicos que muitas vezes podemos observar nas estatuetas orientais, onde a posição dos dedos e dos braços têm um sentido oculto só entendido pelos que se aprofundaram em seu estudo.

A zona incandescente do cigarro, do charuto ou do cachimbo surge também como um ponto luminoso no Astral, indicando o ponto exato em que a entidade está trabalhando.
Essa brasa é também um ponto de atração para as falanges auxiliares e um sinal de que aquele território não pode ser invadido por espíritos zombeteiros ou por outros desocupados do espaço.

As bebidas alcoólicas, que tantas críticas têm merecido por parte dos leigos no assunto, funcionam como tônicos e remédios tanto para o médium como para os consulentes. O efeito alcoólico da bebida é totalmente retirado do médium que, ao cabo da sessão, está firme em suas pernas e sem qualquer cheiro de botequim.

Vale ressaltar, no entanto e por oportuno, que as entidades mais evoluídas da AUM+BANDA não bebem mais bebida alguma porque já atingiram um patamar luminoso que lhes permite obter os mesmos resultados sem esse recurso. Elas, no entanto, permitem que outras entidades de patamar inferior o façam porque reconhecem que um dia foram como elas e sabem que um dia elas subirão de oitava sem o auxílio de qualquer crítica.

Na mesma categoria está o sacrifício de aves e animais. As entidades da AUM+BANDA de hierarquia vibratória superior não pedem nenhum desses sacrifícios, utilizando para suas curas e desobsessões outras forças da Natureza. Elas respeitam a VIDA em qualquer das suas manifestações e, por isso, não adotam rituais sangrentos. Quando, por força da gravidade de uma situação, um animal se faz necessário as entidades luminosas da AUM+BANDA realizam sobre ele o ritual mágico necessário e o mandam soltar vivo!

No entanto, desconhecendo esses detalhes, o leigo senta a ripa na AUM+BANDA e se olha como um ser superior a todas essas barbaridades porque encontrou uma religião que não tem nada disso. Assim pensando e assim procedendo é como se essa pessoa estivesse cuspindo para o alto, porque a vida dá muitas voltas e um dia essa pessoa poderá vir a precisar do socorro daquilo que mais abominava. Nessas horas, lá na beira do rio, o preto-velho sorri enigmaticamente e fica pitando, pitando, pitando com os olhos pregados no céu azul que aparece aqui e ali nos retalhos do arvoredo.

Pretos velhos, caboclos e crianças do espaço são parte da magia da mata, da qual guardam todos os segredos. Como verdadeiros magos eles comandam os elementais e dizem aos exus: "Você tem duas cabeças. Uma é Satanás nos infernos e a outra é de Jesus Nazaré" E é assim que, entre cantos de pássaros, pios de coruja e farfalhar de folhas ou asas que eles sabem onde moram todas as "mirongas" da floresta e todos os remédios do mundo. Sabem que estão cumprindo suas respectivas missões e que, apesar de não compreendidos por tantos, é preciso continuar porque o cativeiro ainda não acabou.



CONCLUSÃO

A AUM+BANDA é a mais humilde das religiões, embora dentro dessa humildade se oculte quase que a síntese de toda a Magia Natural. Aprendam a respeitá-la e não a queiram ver trabalhando sob o chicote saneador de uma "Casa Grande" majestática que com ela nunca se coadunou nem jamais irá coadunar. Se possível, quando leigos, abstenham-se de comentários desairosos porque aquilo que o olho humano enxerga não daria para preencher nem o olho de um paquiderme. Quem vê um ritual, um ponto riscado ou qualquer cerimônia mais séria nem de leve suspeita o que ocorre verdadeiramente no Plano Invisível do trabalho que está sendo realizado. E quando a gente não sabe é bem melhor ficar calado para não dizer besteira...

A SAGRADA AUM+BANDA encontra repercussão até mesmo junto às FORÇAS BRANCAS DO HIMALAIA, participando assim, dentro da sua humildade, mas sempre disfarçada, de tudo que gira em torno do GOVERNO OCULTO DO MUNDO que ela, por mera esperteza, nem menciona ou finge ignorar.

E ela assim prefere porque tem como regência máxima a LUZ DE OXALÁ , que se traduz no triângulo perfeito da existência: PAZ, AMOR e FRATERNIDADE. Paz para que os homens de boa vontade deponham as armas para reconstruir o Jardim do Éden, Amor para que ponhamos fim ao próprio cativeiro que nos impusemos ao longo de vidas erradas e, finalmente, fraternidade para que nos ajudemos uns aos outros nesta curta jornada dentro do mesmo barco. E para onde vai esse barco? Ele vai para a fosforescência das últimas estrelas, varando galáxias e seguindo cometas na busca incessante daquela gloriosa escadaria cósmica que nos levará para além do Tempo e para além da Vida.

Sheik Al-Kaparra

segunda-feira, 14 de junho de 2010

NASA diz que Sol poderá causar catástrofes até 2012 – Será pretexto para desligar eletricidade?

NASA diz que Sol poderá causar catástrofes até 2012 – Será pretexto para desligar eletricidade?
Posted: 13 Jun 2010 04:44 PM PDT

Em oito de junho autoridades americanas realizaram uma reunião intitulada: “Fórum do Clima Espacial”, onde foi discutido como o aumento da atividade solar nos próximos meses afetará a vida em nosso planeta e as opções para mitigar os possíveis danos causados. Este post explora a possibilidade de utilizarem as previsões destes eventos como uma ferramenta de manipulação e controle.
Richard Fisher, chefe da Divisão de Heliofísica da NASA, explica:
“O sol está acordando de um sono profundo e, nos próximos anos, esperamos ver níveis muito mais elevados de atividade solar. Ao mesmo tempo, a nossa sociedade tecnológica tem desenvolvido uma sensibilidade sem precedentes para as tempestades solares. A intersecção destas duas questões é o que estamos discutindo.”
De acordo com o artigo da NASA, grande parte dos danos podem ser atenuados se os governantes souberem que uma tempestade solar está vindo. Colocando os satélites em ‘modo seguro’ e desligando os transformadores, pode-se evitar que estes equipamentos sejam danificados por picos de energia. Ação preventiva, porém, exige previsão exata, um trabalho que tem sido atribuído ao NOAA.
“Previsão do tempo espacial está ainda na sua infância, mas estamos fazendo progressos rápidos”, diz Thomas Bogdan, diretor do Space NOAA Weather Prediction Center, em Boulder, Colorado.
Através de um satélite lançado em 1997, o Advanced Composition Explorer (ACE), que se situa entre a terra e o sol, pode-se detectar rajadas de vento solar e as tempestades de radiação em até 30 minutos antes de chegarem ao nosso planeta. Além deste, o STEREO (Observatório da relação terrestre-solar) e o SDO (Observatório da Dinâmica Solar) auxiliariam os cientistas a estudarem os eventos solares e fazerem as esperadas previsões.
Fisher conclui: “Acredito que estamos no limiar de uma nova era em que o clima espacial pode ser tão influente na nossa vida diária como o clima terrestre normal. Nós levamos isso muito a sério.”
Em abril deste ano, após a erupção do vulcão Eyjafjallajökull na Islândia, vimos como o órgão de previsão climáticas MetOffice utilizou de modelos computacionais para fazer uma promoção exagerada dos eventuais danos que as cinzas causariam nas turbinas dos aviões. O MetOffice, que é praticamente parte do governo britânico, é uma das principais ferramentas do para espalhar desinformação sobre o aquecimento global antropogênico e atacar os céticos. Mesmo após o escândalo do Climategate vir a tona e desmascarar grande parte da ciência climática por trás do chamado consenso sobre o aquecimento global antropogênico, o MetOffice continua em sua missão de desinformação.
O NOAA (National Climate Data Center) é um outro órgão com o mesmo perfil do MetOffice, mas localizado nos EUA. O NOAA, um dos órgãos por coletar temperaturas globais, esteve também envolvido em escândalos que mostravam que a temperatura de milhares de estações meteorológicas haviam sido manipuladas e eliminadas para mostrar um aumento na temperatura global.
Tendo em vista a reputação deste órgão que poderá nos próximos anos decidir o desligamento de satélites e da energia elétrica em escala planetária, eu pergunto se o mesmo que aconteceu com o MetOffice e as cinzas do vulcão não iria ocorrer novamente, em uma escala global.
Se não conseguem acertar a previsão de como será o próximo inverno ou verão (o metoffice errou feio nos últimos anos), como esperam prever de forma mais precisa o clima espacial? Seria apenas mais uma ferramenta de controle e criação de terror? Veremos nos próximos 2 anos…
Participe! Deixe abaixo seu comentário e participe da discussão no fórum anti-novaordemmundial.
Fontes:


http://science.nasa.gov/science-news/science-at-nasa/2010/04jun_swef/
http://www.independent.co.uk/extras/big-question/the-big-question-should-the-bbc-drop-the-met-office-as-its-official-weather-forecaster-1872008.html
http://www.independent.co.uk/extras/big-question/the-big-question-should-the-bbc-drop-the-met-office-as-its-official-weather-forecaster-1872008.html

domingo, 6 de junho de 2010

POR QUE AS CRIANÇAS SE SUICIDAM?

POR QUE AS CRIANÇAS SE SUICIDAM?




Parte I


"A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário às leis da Natureza. Todas nos dizem, em princípio, que ninguém tem o direito de abreviar voluntariamente a vida. Entretanto, por que 'não se tem esse direito? Por que não é livre o homem de pôr termo aos seus sofri- mentos? Ao Espiritismo estava reservado demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é uma falta somente por constituir infração de uma lei moral, consideração de pouco peso para certos Indivíduos, mas também um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica, antes o contrário é o que se dá, como no-lo ensinam, não a teoria, porém os fatos que ele nos põe sob as vistas." Allan Kardec ("O Livro dos Espíritos", comentário à resposta da questão 957).

No dia 12 de maio de 1979 o jornal "O Globo" reuniu alguns profissionais para debater o suicídio e suas razões. A reportagem intitulada "Suicídio - uma doença social de multas causas" merece ser lida porque é matéria que nos permite inúmeras reflexões. Nela podemos observar que no Rio de Janeiro os telefones do Centro de Valorização da Vida recebem cerca de 100 ligações por dia e que em São Paulo há 30 tentativas de suicídio por dia, das quais três são fatais.

Estatística sobre o Rio de Janeiro não é mencionada. Estes números chamam a atenção de qualquer pessoa, principalmente daquelas que ou- viram Allan Kardec solicitar esclarecimentos sobre quais são, em geral, as conseqüências do suicídio sobre o estado do Espírito na questão n° 957 de "O Livro dos Espíritos". Observamos lá que as conseqüências do suicídio são muito diversas mas que urna conseqüência à qual o suicida não pode fugir é o desapontamento.

Os telefones 248-7171 (durante 24 horas) e 221-7723 (horário comercial) são atendidos por voluntários que basicamente apenas ouvem os desabafos dos que estão sob tensão e prontos para cometer o suicídio. Pessoas generosas diplomacias apenas em "ciência de saber escutar", ouvir pacientemente e, quando necessário, emitir alguns conselhos. Segundo Informação do engenheiro Normando Meio de Oliveira Dias, presidente da Sociedade Beneficente Vigília da Amizade, durante as festas de Na- tal, carnaval e feriados a procura é muito mais Intensa, pois as pessoas sentem-se mais sós, mais deprimidas. Outra observação feita é que durante a novela "Dancing Days", na TV Globo, quase ninguém ligava. Por isso foi considerada uma boa amiga do Centro de Valorização da Vida, uma vez que estende sua programação até de madrugada, prendendo e mantendo a pessoa ligada.

Comenta ainda o engenheiro que em São Paulo, onde o hábito de se fazer o lazer é diferente do realizado no Rio, as pessoas potencialmente estão mais protegidas, menos vulneráveis, pois lá o sen- tido de família está sempre mais presente.

A tentativa de suicídio pode ser interpretada como unia conduta destinada a produzir modificações no ambiente familiar da pessoa que executa a tentativa. Quando, na realidade, ocorre indiferença, as tentativas têm possibilidades cada vez maiores de atingir a auto-eliminação. É pertinente lembrar que a Doutrina Espírita chama atenção para o problema da indiferença humana mostrando em "O Evangelho segundo o Espiritismo" que o homem de bem (capítulo XVII) possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seu interesse à Justiça. E encontra satisfação nos benefícios que derrama, nos serviços que presta, nas lágrimas que seca, nas consolações que dá aos aflitos. Re- conhecendo-se com relativa facilidade aqueles que realmente podem ser considerados como espíritas verdadeiros pela transformação moral que se lhes operou no âmago do ser, e também pelos esforços que empreendem no sentido de domar, de dominar, de vencer suas inclinações más. O verdadeiro espirita não pode ser indiferente à. dor humana. Essa indiferença geradora de problemas diversos e que foi recentemente apontada pelos alunos de uma grande Universidade brasileira, em "enquête" elaborada pelo Serviço de Orientação ao - Universitário, como uma das maiores limitações do Professor Universitário. Como se pode observar não basta o alta saber intelectual e se o desejo é de vôo mais alto é necessário lembrar que o Espírito de Verdade ensinou "ama-vos e Instrui-vos" e o verbo instruir vem em segundo lugar.

Como não se pode falar do tema em questão sem lembrar o Sociólogo Êmile Durkheim, a Professora Silvia Regina Pantoja, socióloga, comenta suas conclusões que são indispensáveis. Durkheim assevera que existem homens capazes de resistir a desgraças horríveis enquanto outros se suicidam depois de aborrecimentos ligeiros. Seria importante investigar a causa desta resistência diversa e o que contribui para essa estrutura maior ou menor. Interessante anotar que é nas épocas em que a vida é menos dura que as pessoas a abandonam com mais facilidade, o que fez o psiquiatra Miguel Chalub, outro entrevistado por "O Globo", lembrar que em situações altamente dramáticas, como nos campos de concentração, o número de suicídios é bem pequeno, o que nos faz concluir que o amor à vida a tudo supera. Analisando diversos fatores, Durkheim assevera que a taxa social dos suicídios só se pode explicar sociologicamente. É a constituição moral da sociedade que fixa em cada instante o contingente dos mortos voluntários. Os movimentos que o paciente executa e que à primeira vista parecem representar exclusivamente o seu temperamento pessoal constituem, na realidade, a continuação e o prolongamento de um estado social que manifestam exteriormente. A Socióloga Sílvia Regina Pantoja nesta oportunidade comentou que Durkheim fez uma análise do suicídio procurando desvencilhar-se de todo tipo de proposta que reúne como causas do suicídio fatores puramente extra-sociais, ou seja, aqueles que repousam na constituição orgânica e psíquica dos indivíduos ou nas condições naturais e físicas do meio ambiente. Assim é que Durkheim abandona as formas como se apresenta o suicídio nos sujeitos particulares para buscar suas causas a partir do estado dos diferentes meios sociais: família, grupos profissionais, confissão religiosa, sociedade política, etc... E, como medida metodológica, se volta depois aos indivíduos para explicar como aquelas causas gerais se individualizaram para produzir os efeitos suicidas. Ao verificar a relação entre a freqüência de suicídios e a confissão religiosa, por exemplo, constata que ela é maior entre os protestantes do que entre os católicos e judeus. Por que no catolicismo e no judaísmo os crentes estão mais preservados da autodestruição? Isto não ocorre pela natureza dos argumentos religiosos, mas pela existência de um certo número de credos e práticas comuns, tradicionais e obrigatórios a todos os adeptos que levam à constituição de uma sociedade. Conclui o pesquisador que quanto mais estes estados coletivos são numerosos e fortes, tanto mais a comunidade religiosa está fortemente integrada; tanto mais, também, é dotada de virtude preservadora. Mais uma vez pode-se observar que o esforço que é feito por grande parte dos espiritistas no Brasil no sentida de unidade, além de ser o caminho adequado é antes de mais nada uma necessidade. Observa-se que a única imposição é que não haja imposição, mas apela-se para a unificação. É pertinente lembrar que no livro "Obras Póstumas" (Allan Kardec) encontramos que o Espiritismo é uma doutrina filosófica, que tem conseqüências religiosas, como toda filosofia espiritualista; pelo que toca forçosamente nas bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma, a vida futura. Não é ele, porém, uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templo, e, entre os seus adeptos, nenhum tomou nem recebeu o título de sacerdote ou papa. Há uma autoridade coletiva, onde cada qual dispõe de seu voto e que nada podem sem o concurso uns dos outros. Mas todos estão de acordo acerca de princípios fundamentais, condição absoluta para sua admissão e para a de todos os co-participantes da direção. Comenta Kardec que esta autoridade deverá ser, em matéria de Espiritismo, o que é urna academia em matéria de ciência.

Quanto mais integrados os espiritistas mais fortalecida a causa que procura possibilitar maiores oportunidades de o Indivíduo modificar o seu comportamento e chegar à harmonia com a sociedade e consigo mesmo. "O Livro dos Espíritos" - Filosofia Espiritualista -, contém os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e a futura da Humanidade. Seu codificador Allan Kardec assevera ("Obras Póstumas") que é um dever gravar esta crença no espírito das massas e é um fato que essa crença é inata, pois todas as religiões a proclamam. Indaga Kardec por que então não tem dado até hoje os resultados que se deviam esperar? É que, em geral, tem sido apresentada em condições, que a razão não pode aceitar. Para que a doutrina da vida futura produza, de agora em diante, os frutos que podemos esperar, é preciso, antes de tudo, que satisfaça completamente à, razão e à, idéia que formamos da sabedoria, da justiça e da bondade de Deus; que não possa ser desmentida pela ciência; não deixe no espírito nem a dúvida, nem a incerteza; que a vida futura seja tão positiva como a presente, de que é a continuação, corno o dia seguinte o é da véspera. Na reportagem de "O Globo" o médico Fernando Marques dos Reis ensina que há vários suicídios históricos na política de Roma, lembrando o de Bruto, como está no "Júlio César", de Shakespeare, e chega até nós com Camillo Castelo Branco, Santos Dumont e Ge- túlio Vargas. Mas o grande interesse do tema, recorda o médico, está em que o suicida é, antes de tudo, o deprimido, e, como diz o Dr. Paul Lüth, estudioso de história da Medicina, "a depressão é a doença da época". Na Alemanha Ocidental, que tem 60 milhões de habitantes, suicidam-se em média 38 pessoas por semana, ou seja, cerca de 14 mil por ano. A Organização Mundial de Saúde estima em 150 milhões os deprimidos do mundo. Merece registro, como é comentado em "O Globo", que entre os mais acometidos, nesse capítulo das depressões, se acham os pastores e os psiquiatras, entre os quais as cifras de suicídio são oito vezes maiores do que no resto da população. Estas cifras parecem indicar que, em termos bem realistas, "ninguém salva ninguém e que as religiões salvadoras não se salvaram sequer".

Pode-se falar em três tipos de suicídio, segundo a visão de Durkheim. o egoísta, o altruísta e o anômico. O egoísta é aquele que resultaria de uma individuação excessiva nas sociedades onde a moral se esforça para Incutir no indivíduo a idéia de seu grande valor, fazendo que sua personalidade se sobreponha à coletiva. Deve acompanhar o processo outro constituinte que é a vaidade que na linguagem da moda seria a "inflação" da personalidade. O egoísmo é tema estudado nas obras básicas da Doutrina Espírita em diversas oportunidades, basta ver o índice analítico dessas obras. Assim Emmanuel no capitulo XI de "O Evangelho segundo o Espiritismo" ensina que o egoísmo é a chaga da Humanidade. Comenta o Instrutor que é o objetivo para o qual todos os verdadeiros crentes devem dirigir suas armas, suas forças e sua coragem. Coragem porque é preciso mais coragem para vencer, a si mesmo do que para vencer os outros. Conclama que cada um, pois, coloque todos os seus cuidados para combatê-lo em si, porque esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a fonte de todas as misérias deste mundo. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à. felicidade dos homens. Allan Kardec em "O Livro dos Espíritos" apresenta-nos diversas reflexões: como destruí-lo, como obstáculo ao progresso moral, corno verdadeira chaga da sociedade. Relaciona o egoísmo à perda de pessoas amadas, à vida de Isolamento, às desigualdades sociais, às ingratidões, ao problema da fome e aos laços de família.

A visão de Durkheim nos mostra outro tipo de suicídio - o altruísta -, praticado nos meios onde o indivíduo deve abrir mão de sua personalidade e ter espírito de abnegação e entrega de si às causas coletivas. Por exemplo, o espírito militar, que exige que o indivíduo esteja desinteressado de si mesmo em função da defesa patriótica. Nesse particular a questão no 951 de "O Livro dos Espíritos" comenta que todo sacrifício feito à custa de sua própria felicidade é um ato soberanamente meritório aos olhos de Deus, porque é a prática da lei de caridade. Ora, a vida sendo o bem terrestre ao qual o homem atribui maior valor, aquele que a renuncia para o bem de seus semelhantes não comete um atentado: ele faz um sacrifício, Mas, antes de o cumprir, ele deve refletir se sua vida não pode ser mais útil que sua morte. Não devemos deixar de enfatizar que André Luiz, no livro "Con- duta Espírita", recomenda que o ser humano, no trabalho, deve situar em posições distintas as próprias tarefas diante da família e da profissão, da Doutrina que abraça e da coletividade a que deve servir, atendendo a todas as obrigações com o necessário equilíbrio, porque o dever, lealmente cum- prido, mantém a saúde da consciência.

Finalmente, o terceiro tipo de suicídio - o anômico -, que vem de ocorrer nos meios onde o progresso é e tem que ser rápido, levando a ambições e desejos ilimitados, O dever de progredir tira do homem a capacidade de viver dentro de situações limitadas, tira-lhe a capacidade de resignação e, por conseqüência, tem-se o aumento dos descontentes e irrequietos. Nesse particular a doutrina espírita não poderia omitir-se e em diversas oportu- nidades as suas obras básicas discutem o problema da resignação humana. Gostaríamos de lembrar apenas que no livro "Vinha de Luz", de Emmanuel, este abnegado Instrutor mais uma vez leciona com propriedade invulgar. "Jesus forneceu padrões educativos em todas as particularidades da sua passagem pelo mundo. O Evangelho no-lo apresenta nos mais diversos quadros, junto ao trabalho, à simplicidade, ao pecado, à pobreza, à alegria, à, dor, à glorificação e ao martírio. Sua atitude, em cada posição da vida, assinalou um traço novo de conduta para os aprendizes." Assinala Emmanuel que "as marcas do Cristo não são apenas as da cruz, mas também as de sua atividade na experiência comum", recordando que "a marca do Cristo é, fundamentalmente, aquela do sacrifício de si mesmo para o bem de todos". "Todas as realizações humanas possuem marca própria. Casas, livros, artigos, medicamentos, tudo exibe um sinal de Identificação aos olhos atentos. Se medida semelhante é aproveitada na lei de uso dos objetos transitórios, não se poderia subtrair o mesmo principio, na catalogação de tudo o que se refira à vida eterna. Jesus possui Igualmente os sinais dele." Não seria a resignação um deles?

Durkheim acredita que somente o Estado poderia intervir, o único capaz de reconstituir as relações indivíduo-sociedade. Nem mesmo a família, a religião podem fazê-lo. Para a socióloga Sílvia Regina Pantoja, somente o Estado que olhasse para os grupos profissionais, e não aquele que pri- vilegiasse a ênfase econômica. Aqui nos lembramos do capitulo "As aristocracias" - do livro "Obras Póstumas".

Em nenhum tempo ou nação, os povos dispensaram chefes, ainda mesmo no estado de selvageria. É assim porque, em razão da diversidade de aptidões e de caracteres, que se dão na espécie humana, há sempre incapazes que precisam ser dirigidos, fracos que reclamam proteção, paixões a combater: dai a necessidade de uma autoridade. Sabemos que nas sociedades primitivas a autoridade foi conferida aos chefes de família, aos anciãos, aos velhos, aos patriarcas. A força bruta a segunda aristocracia. Em seguida aaristocracia do nascimento. Elevou-se novo poder - o do ouro que foi seguido de outra mais justa - a da Inteligência. Entretanto o homem mais inteligente pode fazer mau uso das faculdades. Por outro lado, a simples moralidade pode não ter capacidade. É, pois, necessária a união da inteligência e da moralidade para haver legítima preponderância, a que a massa se submeterá, confiada em suas luzes e justiça. Será esta a última aristocracia, durável porque será animada por sentimentos de justiça e caridade. Supremacia que Allan Kardec chamou de aristocracia intelecto-moral. É por isso que a Doutrina Espírita, que em 1857. Inaugurou a era do espírito imortal, afirma que é pela educação, mais ainda do que pela instrução, que se transformará a Humanidade. O homem, que trabalha seriamente em seu melhoramento, assegura sua felicidade desde esta vida, além da satisfação da sua consciência; está livre das misérias materiais e morais, que são as conseqüências forçadas de suas imperfeições; terá calma, porque as vicissitudes não o afetarão senão de leve; terá saúde, por- que não esgotará o corpo com excessos; será rico, porque o é quem se satisfaz com o necessário; terá a paz da alma, porque não terá necessidades impossíveis; não será atormentado pela sede de honras e do supérfluo, pela febre de ambição, da inveja e do ciúme. Nós relembramos - não se suicidará.

O Psiquiatra Miguel Chalub, em "O Globo", chama a atenção para o perfil do suicida: homem, com mais de 55 anos, morador de grandes cidades, AGNÓSTICO (Agnosticismo - doutrina que afirma a impossibilidade do espírito humano de conhecer as realidades que transcendem o mundo sensível ou natural), socialmente isolado, fisicamente doente, sem antecedentes psiquiátricos e alcoólatra moderado. O perfil dos que tentam o suicídio: mulher, jovem, de boa saúde corporal, em situação de conflito evidente com o grupo familiar ou social mais imediato. As estatísticas sobre suicídio demonstram claramente que se associam positivamente ao suicídio em ordem decrescente de importância e significação as pessoas na seguinte situação: sexo masculino, idade avançada, viuvez, celibato ou divórcio, ausência de prole, residente em grande cidade, alto padrão de vida, crise econômica, consumo de álcool e droga, lar desfeito na infância e doença mental ou física. Inversamente, isto é, associam-se negativamente ao suicídio: sexo feminino, juventude, baixa densidade populacional, religião, casamento, prole numerosa, baixo padrão de vida e situação de guerra.

Ainda, o Psiquiatra Miguel Chalub acentua que o suicida não quer matar a si próprio mas alguma coisa que carrega dentro de si e que sinteticamente pode ser: a) sentimento de culpa e b) a vontade de querer matar alguém com quem se identifica. Como as restrições morais o impedem, ele acaba se autodestruindo. Assim "o suicida mata uma outra pessoa que vive dentro dele e que o incomoda profundamente". O Psicólogo Adler e o Psicanalista Ralph fizeram comentários muito pertinentes quando disseram que todos os fracassados: neuróticos, psicóticos, criminosos, bêbados, crianças-problema, SUICIDAS, pervertidos e prostitutas dão à vida um sentido privado. Aninhado nas raízes inconscientes está sempre o grande fator que influencia a conduta consciente - o egoísmo. Um fator a mais está sempre presente, a obsessão, a influência. maléfica, intencional ou inconsciente, exercida por Espíritos Imperfeitos sobre a Humanidade encarnada, de modo prolongado. Nesse particular a Doutrina Espírita lança luz sobre o problema e a Psiquiatria parece receber essa contribuição, como se pode perceber consultando-se o "Reformador" ano 99, mês de janeiro de 1981. Na página 16 vamos encontrar o "Modelo terapêutico psiquiátrico-espírita" que o Professor Pedro de Oliveira Mundim apresentou em Mesa-Redonda no I Forum Brasileiro de Medicina da Pessoa, Presidente Prudente, São Paulo, em 18-10-1980. Assim, a obsessão pode- ria ser definida como um constrangimento que um indivíduo, suicida em potencial ou não, sente, graças à presença perturbadora de um ser espiritual. Vale a pena ler a descrição feita por Allan Kardec, em "O Livro dos Médiuns", capítulo 23.

Pergunta que nos assalta é como se sente o suicida após a desencarnação. Diversas são as obras que comentam o assunto, assim temos como exem- plo "O Martírio dos Suicidas", de Almerindo Martins de Castro, e "Memórias de um Suicida", de Yvonne A. Pereira. Por outro lado não podemos esquecer que Allan Kardec, no livro "O Céu e o Inferno" ou "A Justiça Divina segundo o Espiritismo", deixa enorme contribuição em exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à, vida espiritual e especificamente no capítulo V da segunda parte, onde cuida dos suicidas.

Parece interessante resumir que após a desencarnação, não há tribunal nem juízes para condenar o espírito, ainda que seja o mais culpado. Fica ele simplesmente diante da própria consciência, nu perante si mesmo e todos os demais, pois nada pode ser escondido no mundo espiritual, tendo o indivíduo de enfrentar suas próprias criações mentais.


Parte II


Pelo exposto podemos verificar que parece raro o encontro de suicídio em crianças. Mas ele existe? Como a criança encara o problema da morte?

Entramos num terreno que se me parece extremamente complexo e o melhor é deixar o especialista, o mestre no assunto, assumir as rédeas do pensamento. Sem sombra de dúvidas é o psicólogo o mais capacitado para esclarecer nossas dúvidas e à Psicologia Infantil está reservado importante papel no futuro da: Humanidade e é por isso que ela funciona como cadeira básica de qualquer Faculdade de Educação.

Artigo, recentemente publicado pela Psicóloga Wilma da Costa Torres, Professora Assistente do Instituto de Psicologia da UFRJ, destaca a abordagem desenvolvimentista da compreensão da morte pela criança. Apresenta e discute os resultados de pesquisas realizadas para Investigar a Influência de fatores maturacionais, cognitivos, sociais e afetivos nas etapas de conceituação da morte. Seu título - "O tema da morte na psicologia Infantil: uma revisão da literatura" - demonstra que, dentro do nossa espaço disponível, não poderemos explorá-lo adequadamente. Entretanto, é parte extraída dos capítulos 2 e 5 da tese "O conceito de morte em diferentes níveis de desenvolvimento cognitivo: uma abordagem preliminar, apresentada para a obtenção do grau de mestre em Psicologia Aplicada e merece portanto mais tarde ser examinado com carinho. Por ora achamos pertinente anotar algumas conclusões. A primeira, que é apoiada em autores estrangeiros, é que "as diferenças de nível sócio-econômico têm grande importância na aquisição do conceito de morte. Segundo resultados encontrados pelos autores estrangeiros, as crianças urbanas de nível sócio-econômico mais baixo adquirem conhecimentos conceituais acerca da morte mais rapidamente do que as da classe média. O estudo da psicóloga brasileira representa o ponto de partida para a instalação da área de investigação em Tanatologia (*) no Brasil. A equipe de que faz parte prossegue na realização de uma série de investigações visando, através da obtenção de dados extraídos da realidade brasileira, prover psicólogos da área clínica, do desenvolvimento e da educação, de embasamentos teórico-práticos para a abordagem adequada do tema da morte com a criança.

Sumariando de forma muito imperfeita o assunto poderíamos dizer que a pesquisa clássica publicada sobre o assunto tinha uma casuística de 378 criança húngaras e para examinar como as crianças conceituam e lidam com a morte nas várias idades. Interpretava as idéias de morte expressas pelas crianças através de palavras ou desenhos. O autor encontrou evidências para a existência de três etapas diversas. Até 5 anos, não há noção de morte definitiva, a criança não reconhece que a morte envolve total cessação da vida e não compreende a não reversibilidade da morte. A segunda (entre 5 e 9 anos), caracteriza-se por uma forte tendência a personificar a morte. É compreendida como irreversível, porém não como Inevitável. Somente na terceira etapa (9 e 10 anos), a criança reconhece a morte como cessação elas atividades do corpo e como inevitável. E, somente na adolescência, estes são verdadeiramente capazes de apreenderem o conceito de morte bem como o significado da vida.

Trabalhos posteriores trouxeram novas divisões segundo a faixa etária e um autor de língua inglesa coloca crianças entre 9 e 10 anos numa terceira fase, onde a morte é definitiva, mas a morte funciona biologicamente, acreditando que podem ver, ouvir ou sentir. Na quarta categoria (entre 6 e 12 anos), a morte é definitiva e implica a cessação de todas as funções biológicas; as crianças classificadas nesta categoria expressam conceitos realistas sobre a morte. Assim, é possível entre 5 e 12 anos perceber a morte como final e irreversível.

Muito interessante as conclusões de Gessei e colaboradores que descrevem as crianças de 10 anos como mais positivas e práticas na abordagem da morte. Sabem que depois da morte, com o tempo, o corpo se desintegra ou se mumifica, mas não dedicam maior reflexão a este assunto. Aos 11 anos "teorizam" sobre o que sucede depois da morte. Aos 12 anos revelam preocupação sobre a natureza da outra vida. Aos 13 anos a especulação cresce, mas a sua morte é vista como distante de um futuro imediato. Aos 14 anos, unia das tendências mais fortes é a de assinalar a inevitabilidade da morte, o que, entretanto, é acompanhada de uma aceitação positiva; nesta fase a vida é mais importante que a morte e as crianças revelam o desejo de viver uma vida plena antes de morrer.

Noutro trabalho, de não menos importância, realizado com crianças inglesas podem identificar-se5 (cinco) categorias para o significado da morte. O nível mais baixo, categoria A - revela ignorância completa, B - algum grau de compreensão, C - compreensão (define morto como negação de vivo), D - compreensão dos aspectos mais abstratos, E (nível mais alto) - compreensão dos aspectos lógicos ou biológicos da morte. A idade de 7 e 8 anos aparece, nessa investigação, como um marco de mudança (categoria C). A idade média das crianças na categoria B foi de 5 anos e meio, e, a assimilação completa (nível E) só surgiu em torno dos 12 anos.

Piaget considera que a partir do momento em que a criança se torna consciente da diferença entre vida e morte, a idéia de morte incentiva a curiosidade da criança, pois, se tudo é acasalado a um motivo, a morte exige uma explicação especial. Sylvia Anthony, aprofundando as considerações de Piaget, assevera que ao estabelecer a relação entre morte e Humanidade como uma categoria na qual ela própria está logicamente Incluída, atinge o máximo de desenvolvimento.

No Brasil, Rio de Janeiro, a Psicóloga Wilma Torres e colaboradores examinaram 183 crianças entre 4 e 13 anos de idade e seus resultados pare- cem confirmar e ampliar os de pesquisadores estrangeiros. Permitiram, seus resultados, identificar três níveis do conceito de morte descritivos do pensamento das crianças dos diferentes períodos de desenvolvimento cognitivo. No nível 1, característico do subperíodo pré-operacional, atribuem vida ao morto. No nível 2, característico do sub-período operacional concreto, já compreendem a morte como definitiva e no nível 3, característico do período formal, reconhecem a morte como processo interno, implicando a cessação da vida do corpo.

É pertinente relembrar que as crianças urbanas de nível sócio-econômico mais baixo adquirem conhecimentos conceituais acerca da morte mais rapidamente do que as da classe média.

Gostaríamos de perguntar se esta mesma criança é a que procura o suicídio. Quais as causas? Talvez aqui devêssemos procurar um Professor Titular de Pediatria de uma Faculdade de Medicina, no Brasil. O "Jornal de Pediatria", em seu volume 43 em 1977, publicou trabalho do Professor Samuel Schvartsman. Na sua casuística e métodos observamos que foram estudados 21 casos de tentativas de suicídio em crianças de 9 a 14 anos de idade, por ingestão de produtos químicos. Após o atendimento médico eram feitos um estudo das condições e circunstâncias sócio-familiares do paciente, que pudessem estar relacionadas direta ou indiretamente com o evento, e uma análise dos fatores que pudessem permitir a distinção entre a encenação suicida e a verdadeira tentativa de suicídio. Este trabalho se reveste de grande importância para diversos profissionais uma vez que as tentativas de suicídio representam atualmente urna situação preocupante nas estatísticas de morbidade e mortalidade. Nos Estados Unidos - cita como exemplo o pediatra de São Paulo - o suicídio é considerado como a 4a causa mais freqüente de óbitos entre os adolescentes.

O trabalho brasileiro examina os principais dados relativos ao paciente e suas condições sócio-familiares: nome, idade, sexo, cor, maturidade, local do acidente, escolaridade, profissão do pai e da mãe, número de irmãos, tentativas anteriores, comunicação do intento, comunicação com outros, planejamento, objetivo primordial, ambiente reativo, repetição se possível, perfil psicológico e religião.

Vamos começar pelo fim apenas porque no trabalho original o autor não o discute. Foram encontradas 9 crianças católicas, 2 adventistas, 2 crentes e em 8 oportunidades não se pôde determinar a religião. Estes resultados estão em aparente contradição aos referidos anteriormente onde discutimos a prevalência maior entre os protestantes, embora aqueles dados tenham sido retirados de casos de suicídio entre adultos. Por outro lado merece investigação o fato de em 8 oportunidades não ter sido possível definir a religião do paciente ou de seu grupo familiar, uma vez que os sociólogos afirmam que tanto mais a comunidade religiosa está fortemente integrada, tanto mais, também, está dotada de virtude preservadora.

O perfil psicológico das crianças revela na grande maioria - INSEGURANÇA. O objetivo primordial - a MORTE. A maioria repetiria a tentativa, embora esta não tenha sido planejada. Não comunicaram o intento, o ambiente não era reativo, não houve tentativas anteriores e o local principal foi o quarto. Dentre os fatores sócio-familiares relacionados de algum modo com a tentativa e as circunstâncias que poderiam ser consideradas como precipitantes, destacam-se o alcoolismo dos pais em 6 oportunidades, o seu mau relacionamento em 5 e sua ausência em 3. A circunstância mais relacionada como precipitante foi a desavença familiar. Os autores discutem a infreqüência de suicídios em crianças com menos de 14 anos de idade em outras localidades, achando de difícil explicação o fato de 19 (90,5%) das crianças em São Paulo estarem entre 9 e 12 anos. Admitem os pesquisadores brasileiros que a intensidade e persistência de condições sócio-familiares desfavoráveis geraram uma precocidade do amadurecimento no sentido depressivo ou da necessidade de atenção ou afeto. Na amostragem cerca de 62% das mães (13 casos) tinham atividades profissionais diurnas fora de casa e, usualmente, seus filhos menores ficavam apenas sob vigilância do mais velho. Ressaltam os autores que existe a possibilidade de amostragem falseada, uma vez que em famílias de nível sócio-econômico superior estes casos são geralmente, e na medida do possível, pouco divulgados ou diagnosticados de maneira confusa ou inadequada. Ao contrário do que pudemos observar em adultos, em outros trabalhos, houve preponderância do sexo feminino. Aqui merece atenção a observação de que se precocemente reconhecidos pela família ou diagnosticados pelo pediatra é possível alterar evidentemente a seqüência de eventos. São os seguintes: tédio, inquietude, fadiga, preocupação corporal, dificuldades de concentração, dificuldades escolares e comportamento agressivo. Conclusão que parece discutível é a do fato de a criança não procurar a morte como diz fazê-lo. O que se reflete na dificuldade em definir ou caracterizá-la, o que não ocorreria com o adulto.

Como tentativas de suicídio são relacionadas a certos tipos de estruturas familiares e condições ambientais, que, em geral os pais ou parentes são hostis à criança ou entre si, sua finalidade seria a modificação destas situações. O suicida visa não apenas recuperar o objeto perdido, como recuperar o afeto e a atenção das pessoas significativas de seu meio ambiente. A procura de afeto é também, de certa forma, enfatizada pela freqüência relativamente pequena de tentativas de suicídio no filho único, possivelmente porque a capacidade afetiva dos pais seja suficientemente grande para compensar outras dificuldades. Dos casos estudados pelos autores brasileiros apenas um era filho único, enquanto 14 tinham de 4 a 8 irmãos.

O espiritista não pode ficar indiferente a essa problemática. No momento em que temos uma Campanha Permanente de Evangelização Espírita Infanto-Juvenil é necessário que debates sobre problemas diversos da criança sejam realizados de forma a que possamos melhor adequar essa atividade pedagógica. Muito se poderá fazer, entretanto, nessa hora de decisão "é impraticável" o aprimoramento das almas sem educação, e educação exige legiões de cooperadores. Esquecer a infância e a juventude será desprezar o futuro". É por isso que Bezerra de Menezes ("Reformador" - junho/1978) afirma que "ninguém pode empreender tarefas nobilitantes, com as vistas voltadas para a Era Melhor da Humanidade, sem vigoroso empenho de educação evangélica da criança". E Francisco Spineli, no livro "Crestomatia da Imortalidade", assevera que a criança ainda é o sorriso do futuro na face do presente. Evangelizá-la é, pois, espiritualizar o porvir, legando-lhe a lição clara e pura do ensinamento cristão, a fim de que, verdadeiramente, viva o Cristo nas gerações de amanhã. Evangelizá-la de modo que a sua fé, a fé raciocinada, possa apoiar-se nos fatos e na lógica, sem deixar nenhuma obscuridade. Só dessa forma a criatura terá certeza. E ninguém terá certeza se não atingir, pelo menos, o 2.0 nível da taxonomia dos objetivos educacionais segundo Bloom. Porque "a fé necessita de uma base, base que é a Inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E para crer não basta ver, é preciso, sobretudo compreender". Os estudos realizados, pelos pesquisadores das causas do suicídio adulto e infantil, revelam a propriedade e atualidade das palavras de Marta da Anunciação (Depoimentos Vivos):

"Acima de todas as coisas, o amor que observa e corrige, que acompanha e educa, que disciplina e consola, porquanto, sem dúvida alguma, não há método pedagógico de educação melhor do que o AMOR honrado, constante e firme."


Luiz Carlos D. Formiga


Textos correlatos podem ser encontrados em artigos do NEURJ
Referencias Bibliográficas
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Schwartsmam, S.; Fonseca, M.E.Q.; Manissadjian, A. & Unti, M. Aspectos médico-sociais das tentativas de suicídio de crianças por ingestão de produtos químicos, J. Ped., 43: 152-156, 1977.
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Reformador, 99(1833): 387-392, dezembro, 1981
Republicado no Jornal espírita (SP), novembro, 1984,
com o título: por que as crianças se suicidam?


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